e havia aqueles simplesmente do bem
que me escreviam e diziam
eu só quero ir lá
abraçar
amo minha casa
e não quero vê-la
de pernas
pro ar
como se a política
fosse feita de práticas
de quem quer ver o comum
parece que a pólis
é o centro
de todo rei degolado
na memória de quem
teme
sempre
ser derrotado
ou seria abandonado
ego ferido
muito mais
que vidros partidos
tem um grito apertado
tem muita palavra não dita
maldita
pra todo o lado
se eu acreditasse
em coelhinho da páscoa
iria
dar as mãos
vestir branco
mas me deram a baleia de Melville
muito jovem para ler
e me fiz assim
fraternidade demais
melhor não querer
pode ser só medo
de ver disfarces
em vez de suas faces
mas como eu acredito
em Papai Noel
ele veio e me disse no escuro
está
tudo mofado lá no céu e parece que na terra também
você
não tem visto a chuvarada de estrelas cadentes
daqui
de baixo pode parecer belo
mas
elas estão é descontentes
e se
laçam ao espaço
como
bombas
camicases
para
não mofar é preciso
deixar
entrar
ar
agregado
ao velho olhar
a
velha casa está
e
diz que quer discutir relação
sei
não
nem papai Noel acredita nisso
deve ser porque ouvi dizer
que todo mundo nessa história
passou mal
o feijão
fora esquecido
fora da geladeira dos vencidos
o mundo não tem sido dos justos
nem por isso todo mundo é injusto
então em vez de um todo
lodo leitoso
vamos abrir transparências
fendas
brechas
dos camponeses em nós
índios de outrora
vozes ecoando na memória
não sei bem o que diz a ciência
mas a arte faz do drama poesia
e por instantes
sagrados e edificantes instantes
satisfaz.
#moniquefranco, 3 de junho de 2015, vendo uma chuva de
estrelas cadentes e com a UERJ no coração
Adorei, prima!
ResponderExcluirFabiano Franco