sábado, 18 de fevereiro de 2017

Fascistas não passarão ou um poema para Dani e Miguel


vim cuidar de mim
cheguei cedo
e vesti meu caderninho dourado
marcado
por uma forma especial de amor

vim cuidar de mim
cheguei cedo
a manhã silencia segredos e traz paz
a luz habita fresca
outra dimensão no verão e parece
plainar
isso
luz e ar

vim cuidar de mim
o momento requer cuidado
extra

o inimaginável
dá as caras e se faz real
nosso chão se rasga
volta lá traz
entranhas
da onde parece nunca  ter  saído
subalterno e vil
nosso chão
adormece o sonho de sermos muitos
quase iguais
diferentes em nós

vim cuidar de mim
e serena
trocar possíveis
assar o bolo que festeja duas vidas
guardar os pertences do filho que voa livre
para um longe que o sonho trouxe

então fiz assim
deixei o poema vir dizer
fascistas não passarão
pelo menos em mim

façamos isso
a história da vida vai e volta
cabe agarrá-la
e mudar a mão

poema preciso ir
cuidar de mim
e regar as plantas.

#moniquefranco, Brasil, Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2017, ouvindo Ivan Lins na vitrola, sob a égide de um (des) governo golpista e corrupto, escrevendo com as canetas herdadas do Miguel num caderninho mordidinho pelo Pongo.