que comércio é esse
de ares
de faces
de corpos
dóceis
volúveis
e voláteis
explodem
hedonistas
quem lê os anúncios
que sobrevivem à chuva rala constante
subvertem seus recados
no muro
quando o engodo do progresso de todos
tem fim
quem ouve o canto dos passarinhos
que sobrevoam esse outono infinito
percebe seus rasantes
na ponte
quando o azul do céu e o verde do mar
ainda se erguem no horizonte
é cedo
cansada
a cidade se revolta
e como na quase profecia de Eco
voltamos
numa anti- teleologia
às eras
também aos porcos
jogados no lixo
a peste em todos
tal qual nos contou a mulher
enjoada de ver
maltrato
o sofismo não disputa mais pleito
a retórica vence o contrato
riqueza e pobreza
não mais se enganam
com promessas de bem querer
sei que na minha fatia
estão aqueles
que ousam
carregar de poder
multidões de saber
por isso a fagulha
querer outro mundo
não pode ser
só coisa de erudito
a técnica é a extensão
dentro
de cada pedacinho da ação
e a arte é
esse corajoso cuidar
e só assim
passa a ser
doação
nossa própria
revolução.
#moniquefranco, 15 de junho, para nossa turma de mestrado
2015/1
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