2- Cinetrilhas - Cinema Paradiso & Ennio Moricone
Olá todo mundo,
O Cinetrilhas deste mês, no bloco Luz, Câmera
e Canção, homenageia o querido Ennio Morricone, compositor, arranjador, e
maestro italiano, autor da trilha sonora do clássico Cinema Paradiso
(1988), escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. Ao longo da sua carreira, já
assinou pela composição e arranjo de mais de quinhentos filmes e programas de
televisão. Vinte e cinco anos se passaram da sua indicação ao Oscar e a eterna
canção está mais viva do que nunca. Restaurado digitalmente pelo Istituto
Luce Cinecittà e pela grife Dolce & Gabbana, o longa foi exibido na
cerimônia de abertura do festival Cinema Italian Style, no último 13 de
novembro e recebeu calorosa recepção.
Morricone não é apenas um sujeito com alma rock'n'roll
numa figura de maestro. É o mais versátil compositor de trilhas sonoras de
todos os tempos, justamente pela sua capacidade de associar elementos tão
distintos da música popular aos rígidos padrões da música erudita.
Nascido em Roma em 1928, o jovem Ennio formou-se no
Conservatório de Santa Cecília, completamente encantado pelo jazz americano,
tanto que seu instrumento original foi o trumpete. Na trilha do filme Por um
milhao de dolares - 1964, empreendeu uma pequena revolução ao inserir
instrumentos dissonantes e enlouquecidos, como gaitas judias, metais
desafinados, bateria, baixo e guitarra elétricos.
A partir daí, Morricone seria associado à imagem dos
filmes de cowboy filmados ao longo das décadas de 60 e 70, dos mais
"sérios", estrelados por Clint Eastwood, aos mais debochados, como a
série de comédias Trinity de Terence Hill e Bud Spencer
Ennio Morricone venceu cinco prémios BAFTA entre 1979 e 1992. Foi também nomeado pela Academia de
Hollywood para cinco estatuetas de melhor trilha sonora original entre 1979 e
2001, não tendo vencido nenhum delas.
Em 2007, Morricone recebeu pelas mãos de Clint
Eastwood um Oscar honorário "pelas suas
magníficas e multifacetadas contribuições musicais ao cinema". Mas
parece que o agrado que não acertou as contas de Hollywood com o maestro.
Morricone veio a primeira vez ao Brasil em maio
de 2007 numa apresentação no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ele voltou
cinco vezes ao palco para agradecer à salva de palmas recebida sendo que três
delas à pedido da própria orquestra. Levemente surpreso e sutilmente feliz com
a ovação que recebeu, o franzino maestro deixou o palco andando rápido,
evitando seu nono bis, coroando uma apresentação absolutamente inesquecível e
sem paralelos.
E o maestro continua a todo vapor, produzindo música
para séries televisivas, especiais e, claro, filmes.
Vamos fechar essa homenagem ouvindo uma nova e linda
interpretação para a lendária canção Cinema Paradiso com a
jovem soprano brasileira Bruna Amaral.
Que a história das nossas vidas tenha sempre, de fundo, uma linda canção. Inté!
#moniquefranco, cinemando com a
música
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1- Cinetrilhas - Você sabe o que é Ideologia?
Olá tudo mundo,
O excelente curta protagonizado por Zizek ( assista) em
que o filósofo contemporâneo explica o discurso de ódio no Brasil, a partir das
últimas eleições, me deu fôlego para iniciar um sonho. Materializá-lo em
pequenas doses de existência. Apresentar, debater trilha sonora, arte, música,
cinema, formação, história e filosofia.
Assim dou início ao Cinetrilhas e convido vocês a ler,
ouvir, compartilhar, sugerir.
#moniquefranco
Você sabe o que é ideologia?
Trago hoje um trecho de uma música conhecida para
explicar o conceito que utilizamos no nosso cotidiano, só que de forma muito
naturalizada. Vamos ouvir?
Você imaginaria que nosso querido poeta Cazuza, com
sua canção, poderia estar nos dizendo que preferia a mentira, que preferia a
alienação a ter que conviver com a realidade? Ele deixa isso muito claro quando
diz: " (...) eu vou pagar a conta do analista, pra nunca mais ter que
saber quem eu sou/ ideologia eu quero uma pra viver!"
Isso porque, no senso comum, ideologia pode ser,
apenas, um conjunto de ideias. Vista assim, a ideologia é positiva, uma
doutrina a alcançar. No entanto o termo ideologia, a partir de Marx, ganha uma
conotação negativa e passa a ser entendido como uma “falsa consciência ou falsa
verdade”. Falsa verdade? Parece antagônico? Pois é. A ideologia nos inculca
valores e morais, de forma sutil, como se fossem verdadeiros de modo a manter a
hegemonia de certas posições dominantes, padrões de comportamento e de consumo.
Essa esfera de dominação está muito mais em de nós do que imaginamos. Por
exemplo, quantos de nós já não se utilizou de expressões traiçoeiras como : “em
boca fechada não entra mosca”, ou “a quem nada quer, nada falta” e assim
por diante. A ideologia apresenta, assim, a realidade invertida: o que seria a
origem é posto como produto; o que é efeito passa a ser entendido como causa.
Pense nisso. E você? Qual ideologia você quer pra viver?
Que a história das nossas vidas tenha sempre, de fundo, uma linda canção. Inté!
#moniquefranco, entre a música e a filosofia
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