sexta-feira, 17 de abril de 2015

Sobre a moral que aniquila ou para com coragem voar


Fotografia: #moniquefranco, mar do Leblon, sem edição.



eu sou a poeta que gosta de mar
que o sal e as águas
na mistura dos rios
vêm banhar e abençoar

eu sou a luz
que chega aqui
neste e em outro lugar
cravada em meio a lutas
urdida em meio a sustos
tanto faz
se escuro
se chovia
ou se o sol estava a queimar
o filho pródigo impunha
siga em frente
o alimento não pode faltar

eu sou a febre
que arde
quando a doença
no corpo ou na alma
vem se instalar
mas sou também o seio que cura
da surra
que a vida teima em dar
o colo seguro
hão assim encontrar

eu sou àquela que dá a mão
e ajuda a caminhar
mesmo quando cambaleante
eu mesma possa estar

portanto meu senhor
aos poucos o poema vai voltar
e como cada sol que renasce
ele ocupará seu lugar
e mais uma vez dele e com ele
memórias hão de contar
a história de coragem
de quem não quis se ocultar
aviltar em mentiras
submissa ser ou aceitar
ou com moral se esquivar
a verdade da vida é o que vale
sempre
colocar em primeiro lugar
sem isso o homem morre
e o robô ocupa seu lugar
depois reclama do tombo
que faz cair e machucar
robô vira sucata
que mesmo o cão vira-lata
que perambula e late
é mais terno e fugaz
pois dele vem seu próprio sustento
se na liberdade ele quer estar

levanta
estende e dá a mão
a poeira e a lama
fazem parte do chão
mas nele também há relva
e singelas flores silvestres
se podem avistar
bastar querer
a si e ao outro com verdade olhar
crescer é tarefa
da vida honesta que está a chamar

vem
a arte prevalece
basta cair e levantar
dói
mas crescer se faz necessário
pro coração bombear
o sangue corre entre as veias
alimentam
o bem estar
faz cada órgão
organicamente funcionar

eu sou a poeta
que gosta de mar
que o sal e as águas
na mistura dos rios
vem banhar e abençoar
obrigada minha deusa
guardei teu recado
e cá estou serena
pulando ondas calmas ou revoltas
a te esperar
sei que a qualquer hora me avisas
me aponta o lado certo
pra atravessar
este elo
tal como como com poema
não se desfaz
não tem fissura
pois é de alma eterna
que estamos a falar
por vezes a fala sussurra
por vezes nem o berro se escuta
mas é nesse balanço inconstante
incerto e nada reto
que o caminho vem nos chamar
e da tua força e dos deuses
e do poema e das letras
que se universaliza e se celebra a existência
de quem prefere ficar e enfrentar
a coragem é o predicado
que faz o homem voar
saber partir e voltar
esse é o fluxo
que a todos nós
faz eternizar.

#moniquefranco

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