Fotografia: #moniquefranco, mar do Leblon, sem edição. |
eu sou a poeta que gosta
de mar
que o sal e as águas
na mistura dos rios
vêm banhar e abençoar
eu sou a luz
que chega aqui
neste e em outro lugar
cravada em meio a lutas
urdida em meio a sustos
tanto faz
se escuro
se chovia
ou se o sol estava a
queimar
o filho pródigo impunha
siga em frente
o alimento não pode
faltar
eu sou a febre
que arde
quando a doença
no corpo ou na alma
vem se instalar
mas sou também o seio
que cura
da surra
que a vida teima em dar
o colo seguro
hão assim encontrar
eu sou àquela que dá a
mão
e ajuda a caminhar
mesmo quando cambaleante
eu mesma possa estar
portanto meu senhor
aos poucos o poema vai
voltar
e como cada sol que
renasce
ele ocupará seu lugar
e mais uma vez dele e
com ele
memórias hão de contar
a história de coragem
de quem não quis se
ocultar
aviltar em mentiras
submissa ser ou aceitar
ou com moral se esquivar
a verdade da vida é o
que vale
sempre
colocar em primeiro
lugar
sem isso o homem morre
e o robô ocupa seu lugar
depois reclama do tombo
que faz cair e machucar
robô vira sucata
que mesmo o cão
vira-lata
que perambula e late
é mais terno e fugaz
pois dele vem seu
próprio sustento
se na liberdade ele quer
estar
levanta
estende e dá a mão
a poeira e a lama
fazem parte do chão
mas nele também há relva
e singelas flores
silvestres
se podem avistar
bastar querer
a si e ao outro com
verdade olhar
crescer é tarefa
da vida honesta que está
a chamar
vem
a arte prevalece
basta cair e levantar
dói
mas crescer se faz
necessário
pro coração bombear
o sangue corre entre as
veias
alimentam
o bem estar
faz cada órgão
organicamente funcionar
eu sou a poeta
que gosta de mar
que o sal e as águas
na mistura dos rios
vem banhar e abençoar
obrigada minha deusa
guardei teu recado
e cá estou serena
pulando ondas calmas ou
revoltas
a te esperar
sei que a qualquer hora
me avisas
me aponta o lado certo
pra atravessar
este elo
tal como como com poema
não se desfaz
não tem fissura
pois é de alma eterna
que estamos a falar
por vezes a fala
sussurra
por vezes nem o berro se
escuta
mas é nesse balanço
inconstante
incerto e nada reto
que o caminho vem nos
chamar
e da tua força e dos
deuses
e do poema e das letras
que se universaliza e se
celebra a existência
de quem prefere ficar e
enfrentar
a coragem é o predicado
que faz o homem voar
saber partir e voltar
esse é o fluxo
que a todos nós
faz eternizar.
#moniquefranco
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