terça-feira, 7 de julho de 2015

Daltônicos ou para os tiranos




não
os verdes não são vermelhos
tampouco as margaridas são rosas
ou os gatos
latem como cães vadios em noites de luar

vá lá
coragem
vá lá fazer a barba
aparar as sobrancelhas
tingir os cabelos brancos do peito
a cor não mudará
apenas uma película
fina
tênue
cobrirá o envelhecimento
do dolo
à esposa
às filhas
às outras
em cada cidade

vá lá
pedir esmola aos céus
qualquer céu
nublado
ensolarado
reclame do governo ou da sorte
explique
que não é dado ao trabalho
porque achou que tudo podia
quando lhe deram
o brinquedo proibido na infância
por isso urina sentado
lhe causa nojo
beijar qualquer lábio
e consigo dorme vestido e agarrado
por isso foge
logo cedo
de tudo que for indesejado
vá lá
pare de se apoiar
em afetos alheios
pare de usar bengalas
promessas inbox
pare de se encostar
nos véus
das noivas
vá lá e diga bem alto
o que lhe acometeu
ainda menino
se trancara no armário
e as chaves perdeu

feliz é aquele
que respira aliviado
por saber
o custo que é
estar ao seu lado
sua voz de pato
seu sorriso amarelo
fraterno
é sim vermelho
dos crimes que cometeu
vá lá
pinte o seu retrato
e lembre
a covardia não tem cor
ela é a dor
ao seu lado

e como bem disse a poeta
poesia não manda recado
papo reto
suba nas tamancas
quem tanto precisa
ser adorado
um dia tem que ser revelado
quanto tempo dura a glória
de quem só deseja a vitória
mas só transparece humildade
qual é o tamanho do medo
de quem não sabe
o que é espelho

vá lá
engane
esconda
censure
não é novidade nenhuma
as vestes do tirano
para quem já viu
o rei nu

muita gente vê um rei nu de longe
agarre os daltónicos

vá lá
se componha
se perdoe
onde há vida
há esperança

repita
não
os verdes não são vermelhos
tampouco as margaridas são rosas
ou os gatos
latem como cães vadios em noites de luar.


#moniquefranco, ou a culpa do frio é do PT

Nenhum comentário:

Postar um comentário