fotografia: #moniquefranco Vinter gæk |
primavera que há em mim
flor que brota em instantes
anuncia
simultaneamente
início e fim
borda poemas
frases compostas por eventos
memórias
trazidas ao vento como pólen
germinam e eternizam cada
momento
outono, inverno, verão
trarão
no entanto
de volta a rotação
movimento na verdade incerto
necessário
primeiro
exercício análogo à solidão
posto que aberto à imensidão
e que exige saber abrir mão
da posse que limita e define
definha a emoção
de qualquer relação
não como na asa de frango que sobra da porção
mas como quem rompe cada vão
e faz ampliar a dimensão
do encontro delimitado em minutos
sem se preocupar
com o significado do ato
ou com sua compreensão
aceitação
primavera que há em mim
hoje sorri em suspensão
para
respira
e fala como Espinosa falou
do afeto antigo
amigo
que une o disperso
ensina o diverso
embalado em canções
imagens
emoções
cria a potência
e se vira
revira
permite
a liberdade
de ser e de estar
e sequer precisar adivinhar
ou do outro esperar
pois diz respeito ao efeito
simplesmente
do próprio se dar
cada um
num ser
noutro ser
poder estar
sem ocupar
nenhum lugar.
#moniquefranco, Dinamarca, perto do início da primavera no fim do verão
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