domingo, 5 de março de 2017

Vinter gæk ou... primavera que há em mim


fotografia: #moniquefranco Vinter gæk
primavera que há em mim
flor que brota em instantes
anuncia
simultaneamente 
início e fim
borda poemas
frases compostas por eventos
memórias
trazidas ao vento como pólen
germinam e eternizam cada  
momento 

outono, inverno, verão
trarão 
no entanto
de volta a rotação
movimento na verdade incerto
necessário
primeiro
exercício análogo à solidão
posto que aberto à imensidão
e que exige saber abrir mão
da posse que limita e define
definha a emoção
de qualquer relação
não como na asa de frango que sobra da porção
mas como quem rompe cada vão
e faz ampliar a dimensão 
do encontro delimitado em minutos
sem se preocupar 
com o significado do ato
ou com sua compreensão
aceitação
primavera que há em mim 
hoje sorri em suspensão
para
respira
e fala como Espinosa falou
do afeto antigo
amigo
que une o disperso
ensina o diverso
embalado em canções
imagens 
emoções
cria a potência
e se vira
revira
permite 
a liberdade 
de ser e de estar
e sequer precisar adivinhar
ou do outro esperar
pois diz respeito ao efeito 
simplesmente 
do próprio se dar
cada um
num ser
noutro ser
poder estar
sem ocupar
nenhum lugar.

#moniquefranco, Dinamarca, perto do início da primavera no fim do verão

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