quarta-feira, 11 de março de 2015

Sinais




quem quiser que não veja
brilhando o absurdo
por onde a aparência não chega
que estupido não perceba
a marca das luas
o colo das mães
a cicatriz de gerar todas as vidas

quem quiser que não se perca
e faça que não entende os sinais
não aprendeu certos códigos
não desenvolveu a visão

quem quiser 
porque a mim não me apetece pensar
que escolha a forma da morte
e tome o trajeto do mar
que a mim não sucede cavalheiro
não sucede
que o eu vestida de aço e luta
é forte e é negro e luta
com a armadura da ironia
e a chave forte do deboche 
contra as aflições desse não

o eu luta fino e encharca de sangue 
essas tardes mortais 
que também não viram
tal qual genuína arte exige
tal qual a genuína entrega requer
que eu luto porque sei que lutam muitos
mis
vários com a luz vermelha assinalando a vida dessa dor como a percebo em seus olhos
porque quero ver
porque de mim você não consegue se esconder

quero morrer
do que sobrar das nossas cinzas
eu vejo.

#moniquefranco, ao meu gato Che e aos  homens que por instante sagrados de luto se encontraram com o além de si, 27 de outubro de 2013

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