Fotografia:#moniquefranco, dezembro de 2014 |
pudeste meu rei
pudeste?
rasgar os adereços que vestes?
a manta é pesada
o fardo escolheste
viver a vida sorrindo
fazer de cada ato gentil
é engodo
que pode virar lodo
ostra feliz não faz pérola
um grão de areia é o bastante
para lembrares o que sucedeu
se tu não sabes
vá!
veja quem foi Prometeu !
pudeste meu rei
pudeste?
de perto olhar tua amada
sem precisar a ti defender com espadas
a fala é dura porque é vida
o sangue é quente porque circula
mas não existem verdades
puras
o que há são efeitos
feitos dos feitos
deixam lastros
abrem ou fecham rastros
pudeste meu rei
pudeste?
fazer a lição de casa
ir à gramática
das tuas afinidades desfeitas
e encarar frente a frente
que teus eleitos, teus leitos
não podem ameaçar teu reino
pois tuas armas
de tu mesmo escondeste
ou quebraste
em algum momento da estrada
logo tu que tens a arte da palavra
enfraqueceu dom divino
acorrentando de rima
o que é ventania e chuvarada
não te iludas
o poema não vem do nada
é o inconsciente clamando
sair em revoada
pudeste meu rei
pudeste?
esconder de ti o que a ti faz tão bem
só porque
o real a ti não convém
ele vem recheado de lutas
travadas
mas que delas tu desertaste
por isso como filho à casa retornas
e sempre há de haver
uma escusa na-morada
mas teu castelo é assombrado
tens muita dívida na memória
compraste e não pagaste
pois quando eras príncipe
tudo podias
mas por princípio rei te tornaste
mas te vestiste apressado
afinal só aprendeste
pular o muro ao lado
e o sabor sempre esteve no pecado
por isso quando rezas, oras, pedes
os Deuses dão gargalhadas
não vês?
estás de calças curtas
mesmo que teu jeans esteja surrado
efeito pérola
pares não antagônicos
tampouco necessariamente harmônicos
mas que emanam perfeição
ostra esculpida internamente
pela fina tarefa da mão
invisível
modo de proteção
a vida não ensina em vão
mas não espera a reencarnação
passa rápido
para quem não a pega pela mão
a felicidade é um estado
como nos ensinou o poeta
é do sofrer que vem o poder alado
de voar sem sair do chão
mas ao negar a dor
o mergulho é na escuridão
ainda que os gestos espalhem
o que de suposto chamas
gratidão
pudeste meu rei
pudeste?
rasgar os adereços que vestes?
a manta é pesada
o fardo escolheste
viver a vida sorrindo
fazer de cada ato gentil
é engodo
que pode virar lodo
ostra feliz não faz pérola
um grão de areia é o bastante
para lembrares o que sucedeu
se tu não sabes
vá!
veja quem foi
Prometeu!
#moniquefranco, com brinco de
pérolas a mergulhar no vai e vem do mar
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